Luciano contou ao Fussball Brasil um pouco de sua experiência ao fotografar jogos de futebol na Alemanha
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O Fussball Brasil chega com mais uma entrevista exclusiva para os fãs do futebol alemão no Brasil! Neste tempo de estrada, o nosso site já teve a oportunidade de entrevistar jogadores brasileiros e estrangeiros que jogaram na Alemanha, preparador físico brasileiro trabalhando no Borussia Dortmund (Marcelo Lins Martins) e agora, pela primeira vez, pudemos conversar com um fotógrafo brasileiro que vem exercendo um ótimo trabalho atrás das lentes em jogos do futebol alemão.
A personalidade central deste artigo trata-se de Luciano Lima, natural de Belo Horizonte, Minas Gerais. Luciano começou a trabalhar com fotografia por volta de 2014, com 18 anos, enquanto realizava um intercâmbio na Austrália e sequer imaginava trabalhar indiretamente no meio do futebol naquela altura. Ao regressar ao Brasil, o jovem mineiro ingressou em um curso de fotografia para dar início em definitivo na sua história com as câmeras.
Vindo de uma família que sempre o induziu na prática de esportes, após o término do curso de fotografia, Luciano começou a se interessar em fotografar eventos esportivos. E não, não foi o futebol o primeiro esporte que ele fotografou, mas sim eventos como Corrida de Rua, no qual se referiu como um esporte "muito democrático". No entanto, o brasileiro vem trabalhando com duas agências (Getty Images & Beautiful Sports), protagonizando belíssimos registros em solo alemão.
Após essa introdução, veja abaixo a entrevista completa com Luciano Lima:
Fussball Brasil: Qual foi o seu primeiro contato com a fotografia no futebol?
Luciano Lima - "Sou torcedor do Cruzeiro, já fui fanático e frequentei o Mineirão por muitos anos, naquela época em que ainda havia a geral, já faz bastante tempo. Eu comecei a levar minha câmera para os jogos do Cruzeiro e fotografar da arquibancada, mesmo que distante".
Fussball Brasil: Quais jogadores do Cruzeiro você se recorda daquela época?
Luciano Lima - "Eu frequentei o Mineirão por volta de 2000 até 2006, 2007. O time do Cruzeiro de 2003 era um time muito bom, ganhou a tríplice coroa: Brasileirão, Copa do Brasil e o Mineiro. Tinha o Alex que era muito bom, o Aristizábal, era um time difícil de bater".
Fussball Brasil: Como foi imigrar para a Alemanha e o começo do trabalho com fotografia por lá?
Luciano Lima - "Quando eu vim morar na Alemanha em 2019, não vim com o intuito de trabalhar com fotografia. Eu arranjei um emprego comum, trabalhei de entregador de refeições, com logística, no início eu tava precisando de uma grana, ter uma segurança. A fotografia é algo mais 'freelance' sabe!? Então há mês que é bom, há mês que é ruim. Então durante dois, três anos, tive empregos fora da fotografia, mas ai chegou em um ponto que eu percebi que não estava feliz, mesmo fazendo 'uma grana legal', não estava feliz e acabei pedindo demissão. Tirei um tempo, depois fiz uns cursos online sobre carreiras, conhecimento. Depois eu só conseguia pensar de novo na fotografia de esportes. veio um insight, é uma coisa que eu gosto de fazer. Em março de 2023 eu consegui uma agência e fiz minha associação que é necessária para fotografar na Bundesliga, na qual você emite uma espécie de 'carteirinha' que comprove que você é um fotógrafo profissional e que esse é o seu trabalho principal para ter credenciamento para os jogos".
Fussball Brasil: Você já tinha algum conhecimento sobre futebol alemão?
Luciano Lima - "Falando a verdade, eu não tinha conhecimento nenhum. Claro, conhecia o FC Bayern de Munique, Borussia Dortmund e é isso. Como eu falei, no Brasil já fui muito fanático, mas depois de um tempo eu perdi muito o encanto pelo futebol. Muitas vezes o futebol não é um esporte justo. Um exemplo: em um jogo importante o juiz tem um erro capital e a equipe acaba por ser prejudicada. Então isso me fez perder muito o encanto pelo futebol. Quando eu me mudei para a Alemanha eu não acompanhava mais, nem mesmo o Cruzeiro. Então voltei a acompanhar mais novamente de um ano pra cá. pois, comecei a trabalhar com o futebol, então preciso estar por dentro da história do jogo. Antes dos jogos eu leio as notícias dos clubes, vejo quais são os principais jogadores, os últimos jogos, quem é o favorito, eu tento dar uma estudada pra estar por dentro da história na hora de fotografar".
Fussball Brasil: Você tem algum exemplo de algo que estudou antes e aconteceu?
Luciano Lima - Então, é uma parte bastante importante do trabalho, não sei se todos fazem, mas é muito importante. Você ler jornais, notícias, nos dias anteriores até para que você possa adivinhar histórias. Claro, é difícil adivinhar o que vai acontecer... Mas, um exemplo, o 1. FC Köln estava nas últimas posições e o treinador Steffen Baumgart bastante ameaçado no cargo, com notícias que se perdesse o jogo seria demitido. Isso ficou na minha cabeça e eu foquei bastante nele, até mesmo no aquecimento. Não deu outra, o Köln perdeu o jogo e ele foi demitido. Foi bom pra mim, pois, eu estava ligado na situação do jogo e no dia seguintes vi minhas fotos em jornais aqui da Alemanha, com diversas expressões dele diferentes que captei, nervoso, gritando, aquela coisa".
Fussball Brasil: Quais os estádios que você já trabalhou até aqui?
Luciano Lima - "Em Berlim, já fui no Olympiastadion (Estádio Olímpico de Berlim) e no An der Alten Försterei (1. FC Union), Red Bull Arena de Leipzig, Volkswagen Arena (VfL Wolfsburg), Ostseestadion (1. FC Hansa Rostock), Millerntor-Stadion (FC St, Pauli), é, de estádio grande acho que por enquanto foram esses. Também já trabalhei em jogos da Regionalliga, indo nos estádios de clubes aqui de Berlim, Viktoria Berlin, Berliner AK 07, BFC Dinamo (Dinamo de Berlim), Tennis Berlim Borussia - que estavam na Regionalliga, mas caíram na temporada passada. No início trabalhava em muitos jogos desses clubes, porque o credenciamento era mais fácil, eu ainda não tinha minha associação pela AIPS, então eles não exigiam a 'carteirinha', mas agora eu foco nos jogos da Bundesliga".
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Fussball Brasil: Qual foi o estádio mais marcante?
Luciano Lima - "Eu acho que não tenho estádio preferido, cada um tem o seu estilo próprio. O do FC Union é bem pequeno, mas é parecido com São Januário (Vasco da Gama), é bem próximo ao gramado então é muita pressão o tempo todo, eles cantam o jogo inteiro se parar e intimidam bastante. A história em que os próprios torcedores reformaram o estádio, nossa, é fantástica! Já o Olympiastadion é um estádio maravilhoso, como se fosse o Maracanã no estilo, bem antigo, tem toda uma história por trás. Nem todo jogo ele está cheio, até porque o Hertha BSC está na segunda divisão agora e é um estádio que comporta muitas pessoas, mas quando ele está cheio, lotado, é uma atmosfera bem impressionante".
Fussball Brasil: Quais as torcidas mais impressionantes?
Luciano Lima - "Eu diria que a do Union Berlin e do St. Pauli são as mais marcantes. A torcida do FC St. Pauli é muito marcante. São politicamente ativos. A primeira torcida que expulsou os Nazis dos estádio. O apoio é incondicional, é algo que nunca tinha visto, eu nunca tinha visto isso no Brasil. Os caras cantam sem parar, mesmo quando as equipes estão perdendo".
Fussball Brasil: Como foi vivenciar de perto os protestos contra investidores externos na DFL?
Luciano Lima - "Eu vivenciei várias vezes. Duas vezes nos jogos do 1. FC Union, também no jogo do Hertha. Foi curioso, antes dos jogos já haviam protestos, as torcidas ficavam sem cantar durante 10, 15 minutos, ninguém cantava nada, nem casa e nem visitante. A manifestação mais comum se tornou as bolinhas de tênias no gramado. Dezenas de pessoas jogando bolinhas no campo, não tinha muito que fazer, então tivemos bastante paralisações. Isso pra mim foi 'saco', né!? jogos parados por 10, 20 minutos... teve um jogo que o juiz decidiu antecipou o intervalo. Então, assim, eu entendia o motivo mas foi chato. A gente ali para trabalhar e a partida interrompida. Afetou muitas pessoas que trabalham diretamente e indiretamente com o produto. Eu tinha um bilhete de trem com horário pra voltar e quase me atrasei certa vez. Porém, acabou que as manifestações deram certo, porque a DFL voltou atrás e não haverão investidores externos na Bundesliga".
Fussball Brasil: Você já teve contato com algum jogador expressivo do futebol alemão?
Luciano Lima - "Contato de conversar, não. Mas eu fico muito perto deles, poucos metros, na beirada do campo. Fotografei os jogadores do BVB, por exemplo. Aqui na Alemanha é bem diferente do Brasil, às vezes fico com um pé atrás e tento ser o mais profissional possível, até porque não vejo ninguém falando com os jogadores, dando um 'oi' ou qualquer coisa que seja".
Fussball Brasil: Você acha que o Bayer Leverkusen será o campeão alemão?
Luciano Lima - Eu acho que som sombras de dúvidas. Eles estão com um timaço, com 10 pontos de vantagem. É um futebol lindo, eu acho que eles ganham esse ano, principalmente porque o FC Bayern está em sua 'pequena crise'.
Fussball Brasil: Como está o clima para a EURO 2024? Pretende trabalhar no torneio?
Luciano Lima - "Sim, eu devo trabalhar, não nos jogos, mas fora dos estádios. Cobrindo o clima nas cidades, as torcidas chegando, os Fan Fest espalhados por aí. Então estou escalado para isso, acho que eu não vou cobrir nenhum jogo, todo mundo que estar lá dentro, não é um campeonato fácil para conseguir o credenciamento. Acho que vai ser um climaço, nunca vivi uma Eurocopa antes".
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