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Adiar o inevitável só atrasa a construção de um futuro promissor

Seleção tem enorme potencial, mas o destino dela não pode ficar em stand-by 

Martina Voss-Tecklenburg abatida após a eliminação na Copa do Mundo (picture-alliance)

Não há mais clima para Martina Voss-Tecklenburg, todos sabem. A Federação Alemã só está adiando o inevitável: sua demissão. Aliás, é simplesmente vergonhosa a forma como a DFB tem conduzido o processo de reestruturação da Seleção Alemã Feminina após o vexame na Copa do Mundo.

Já fazem dois meses que terminou o Mundial e nenhum esclarecimento sobre o futuro do time foi feito, nem pela treinadora e muito menos pelos responsáveis pelo futebol. Tudo tem sido uma grande incógnita, até mesmo o quadro de saúde da (ex) técnica da DFB-Frauen. 

Martina entrou em licença médica no início de setembro, pouco antes da estreia do Nationalelf na Liga das Nações, e desde então nada (ou quase nada) foi dito a respeito. Ninguém nunca esteve a par realmente de qual era o estado de saúde da alemã de 55 anos. É justo que seja mantida sua privacidade, porém a forma como a Federação transpareceu ao público foi estranha. Felizmente, MVT está melhor, ainda que não esteja 100%. Ao menos, bem o suficiente para ministrar palestras.

Longe de mim querer determinar o que Tecklenburg deve ou não fazer. Contudo é, no mínimo, desrespeitoso com o torcedor e, acima de tudo, com as jogadoras que com ela conviveram nos últimos quatro anos. As duas aparições públicas feitas pela comandante neste mês de outubro em eventos sem relação alguma com o esporte chamaram muita atenção, especialmente pelo fato de que, até então, o que sabíamos era que Martina estava afastada este tempo todo devido a alguma doença. Mas não estava. Há pelo menos duas semanas, sem emitir qualquer comunicado, a Federação lhe concedeu férias. 

Não foram poucas as atletas que falaram nos últimos meses sobre Martina, Copa do Mundo e o que há por vir. Entretanto, nenhuma foi tão incisiva quanto a jogadora do Wolfsburg, Lena Oberdorf - a meio-campista de 21 anos fez uma critíca direta à Martina.

"Isso me deixou com algumas dúvidas. Eu definitivamente gostaria que tivesse acontecido diferente. Por exemplo, que primeiro resolvessemos as pendências da Copa do Mundo para então sair de férias.” 

O futuro da Seleção segue aberto. Pelo decorrer da situação, um veredito só deve ser tomado após um(a) diretor(a) esportivo ser escolhido. Até mesmo o nome de MVT já foi vinculado ao cargo recém-criado, mas nenhuma decisão foi tomada ainda. Enquanto isso, Horst Hrubesch se responsabiliza pela equipe. Anunciado como interino no início de outubro, sua missão é recolocar a Seleção nos Jogos Olímpicos. Uma tarefa que tem se desenhado nem um pouco simples. 

Com Martina afastada, sua auxiliar Britta Carlson foi quem liderou a Mannschaft nos dois primeiros jogos pela Liga das Nações, resultando em uma vitória por 4 a 0 contra a Islândia e uma derrota, fora de casa, diante a Dinamarca, na estreia - a primeira da história da Seleção em estreias de grandes torneios. 

Hoje, são seis pontos para as dinamarquesas contra três das alemãs no Grupo 3 da Liga A, onde apenas um avança ao Final Four. Um novo confronto entre elas acontecerá em dezembro. As comandadas de Hrusbech entram em campo duas vezes nos próximos dias e precisam vencer - e vencer bem. Construir saldo é essencial para superar a batalha contra as nórdicas e manter vivo o sonho de Paris. Cabe a nós apenas torcer para que o bombeiro Hotte dê, outra vez, um jeito.

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