Pesquisar

Tendências táticas - da Bundesliga para a Copa do Mundo

Ideias que se transferem da Bundesliga para a Copa do Mundo

O futebol está em constante transformação, reciclando ideias e conceitos ao longo do tempo. Na medida em que clubes e seleções se adaptam ao que tem acontecido na atualidade, novas ideias surgem e costumam pautar o futebol de alto nível: recentemente, as seleções participantes da Copa do Mundo tem absorvido parte das tendências apresentadas pelos clubes e integrado isso ao seu jogo. 

A Alemanha, por exemplo, foi uma das seleções que explorou com sucesso o sistema 4-2-3-1 em 2010, que começou a ser popularizado durante essa época na Europa. Já em 2018, houve um foco grande nas jogadas de bolas paradas, aproveitando a contratação de treinadores focados especialmente nesta fase do jogo. 

A Bundesliga, como parte da elite do futebol mundial, tem sido uma das ligas a ditar parte das tendências atuais. Vejamos aqui algumas delas.

Alguns dos treinadores que iniciaram a temporada - Reprodução: Bundesliga

O retorno das duplas de ataque

Depois de vários anos com pontas bem abertos em destaque, fruto da popularidade do 4-2-3-1, alguns clubes tem sido bem sucedidos ao recuperar as duplas de ataque, tão comuns na década de 90. O Union Berlin, que chegou a liderar a Bundesliga por 8 rodadas, é um dos exemplos: Sheraldo Becker tem bastante liberdade para circular pelo campo ofensivo, enquanto Jordan Pefok costuma oferecer apoio e atacar em profundidade.

O Bayern aproveitou a venda de Robert Lewandowski e também iniciou a temporada (embora tenha retornado ao 4-2-3-1 recentemente) utilizando dois jogadores mais avançados, trabalhando com um sistema mais móvel. Atual vice colocado da Bundesliga, o Freiburg de Christian Streich é outro clube que utiliza bastante uma dupla de ataque, especialmente ao variar entre um 4-2-3-1 e um 4-4-2.

Gregoritsch e Kyereh formando uma dupla de ataque

Duas das equipes em destaque nessa temporada também atuam com uma dupla de ataque em diversos momentos: o Werder Bremen e o Hoffenheim. Juntos, Niclas Füllkrug e Marvin Ducksch tem sido responsáveis por boa parte do rendimento ofensivo dos Papagaios. Pelo Hoffenheim, Kramaric tem ocupado posições cada vez mais recuadas, atrás de uma dupla, geralmente composta por um jogador de ameaça em profundidade e outro mais móvel.

A dupla de ataque no 3-5-2 do Hoffenheim

Linhas defensivas com três zagueiros

O retorno das duplas de ataque tem sido acompanhado por linhas de defesa com 3 jogadores, em fases de construção e também no momento defensivo: na atual temporada, praticamente todas as equipes da Bundesliga já utilizaram essa estratégia. Uma das marcas das linhas defensivas atuais tem sido a presença de jogadores de outras posições por ali (laterais e volantes, principalmente) e o uso de zagueiros confortáveis ao conduzir a bola.

No Mainz, por exemplo, vimos Widmer e/ou Caci (alas de origem) serem escalados como zagueiros pela direita/esquerda. 

Widmer como zagueiro pela direita, recebendo a bola com liberdade

A presença de zagueiros com capacidade para avançar com a bola, explorando espaços criados por alas e pontas tem sido algo cada vez mais recorrente no futebol mundial. Atuando dessa forma, há a possibilidade de receber a bola sob menos pressão e realizar cruzamentos a partir da intermediária ofensiva (como no exemplo acima) ou até mesmo fazer jogadas de ultrapassagem, sejam internas ou externas.

Os dois lances abaixo mostram como essa jogada pode acontecer durante uma partida:

Antonio Rüdiger, convocado para a Copa do Mundo por Hansi Flick, é um dos zagueiros que tem se destacado ao jogar em esquemas assim. Durante a temporada passada, quando era comandado pelo também alemão Thomas Tuchel, Rüdiger tinha liberdade para avançar pelas laterais e contribuir ofensivamente.

Um trio de zagueiros também pode funcionar bem no momento defensivo, quando os alas recuam e uma linha de 5 é formada. Esse tipo de ação tem sido benéfica para manter a compactação horizontal dentro da área, ao mesmo tempo em que permite que uma intensidade de pressão maior nos pontas adversários, nas laterais do campo. 

Os alas saltam para pressionar na lateral e a defesa se mantém protegida

Laterais e alas opostos com funções totalmente diferentes

Algo que também tem sido bastante utilizado recentemente é a presença de laterais ou alas com perfis completamente distintos. Antes vistos como jogadores de potência física e quase restritos a linha lateral, agora eles cumprem funções diferentes. 

É o que acontece no 3-5-2 base adotado pelo Werder Bremen, por exemplo, especialmente durante a saída de bola: Anthony Jung (ala esquerdo) ocupa posições mais recuadas e é uma das opções de passe próximas ao goleiro, enquanto Mitchell Weiser (ala direito) aproveita a presença do zagueiro pela direita na faixa lateral e se posiciona mais à frente, pronto para receber uma bola em profundidade. Na partida contra o Hoffenheim, esse comportamento foi ainda mais acentuado, buscando explorar as costas de Angeliño, ala esquerdo.

O posicionamento dos alas do Bremen em saída de bola.

Durante a temporada passada, o Bayern também contou com seus laterais cumprindo funções distintas em algumas partidas: Pavard permanecia recuado em dados momentos, formando uma linha de 3 zagueiros e Alphonso Davies tinha liberdade para atacar o corredor esquerdo. Sob o comando de Hansi Flick, a Alemanha é uma das seleções que tem adotado esse comportamento, ao utilizar David Raum na esquerda e Thilo Kherer na direita. Danilo, utilizado como um lateral construtor no Brasil, é outro bom exemplo.

Postar um comentário

0 Comentários