Em seu segundo trabalho como treinador na primeira divisão, Baumgart levou o Köln à Conference League
A temporada 20/21 foi complicada para o Köln: o clube passou o campeonato inteiro brigando contra o rebaixamento e precisou até mesmo disputar o playoff para garantir sua permanência na Bundesliga. Iniciando 21/22, Steffen Baumgart foi contratado para ser o novo treinador da equipe e as expectativas iniciais eram de que o clube continuasse brigando na parte inferior da tabela. Baumgart foi o responsável pelos dois acessos em sequência do Paderborn (da 3. Liga para a Bundesliga em dois anos - 17/18 e 18/19), mas acabou rebaixado na temporada 19/20.
Ainda sofrendo com problemas financeiros, o mercado do Köln foi bem discreto. Praticamente nenhum investimento foi feito, com o clube optando por buscar jogadores livres no mercado e reaproveitar jogadores que retornavam de empréstimo (Anthony Modeste, de passagem ruim pelo Saint-Etiénne, sendo um deles).
Sob o comando de Baumgart, no entanto, o Köln esteve sempre acima das expectativas e terminou a Bundesliga na sétima posição, garantindo uma vaga na Conference League. Foi a melhor temporada do clube desde 16/17, quando terminaram na quinta colocação. Em relação a temporada anterior, um aspecto em especial chamou a atenção: o estilo de pressão da equipe.
O Köln, que tinha uma das pressões menos intensas da Bundesliga em 20/21, se transformou e teve a pressão mais intensa da temporada atual, permitindo menos passes por cada ação defensiva realizada e melhorando também sua taxa de sucesso ao pressionar - 35.1%, aliás, é a segunda melhor taxa entre todas as equipes das cinco principais ligas europeias.
Durante a Bundesliga 21/22, o Köln melhorou sua média de pressões por jogo e passou a retomar mais bolas nos últimos 40 metros do campo, ainda que tenha aumentado sua posse de bola média também. A mudança de estilo rendeu resultados, pois o clube marcou mais e sofreu menos gols no caminho para a sétima posição.
Como joga o FC Köln?
Ao longo da temporada, Steffen Baumgart tem variado seu time usando duas formações diferentes: o 4-1-3-2 e um 4-2-3-1. Jogando dessa forma, o Köln é sempre capaz de manter vários jogadores em uma faixa avançada do campo, pressionando seu adversário já na saída de bola.
Estilo de pressão
Alguns comportamentos diferem a depender da formação escolhida por Baumgart, mas um dos princípios aparece constantemente: ao subir para pressionar, é comum ver o Köln trabalhando com algumas referências individuais durante a pressão - por exemplo, os atacantes e/ou pontas geralmente ficam responsáveis por pressionar ou cortar linhas de passes dos zagueiros, enquanto o meia vigia o volante. A imagem abaixo mostra dois lances em que o Köln busca evitar a progressão do time adversário pelo centro, forçando uma saída para a lateral.
O estilo agressivo de pressão implementado por Baumgart permite que seus dois laterais também avancem bastante, ocupando posições mais avançadas ao tentar retomar a posse de bola - isso significa que o lateral/ala do time adversário raramente recebe a bola com tempo e espaço disponível. Assim que Hector percebe a direção do passe, ele inicia sua corrida para pressionar o ala oposto, no exemplo abaixo.
Dessa maneira, o Köln foi capaz de recuperar a posse de bola mais perto do gol adversário e criar boas chances de finalização ao acelerar. A pressão exercida pelo time gera também outro ponto positivo: ainda que a bola não seja recuperada logo ali, muitas das vezes ela acaba por forçar um passe longo, que possui menor chance de ser concluído com sucesso. Não à toa, Hübers (4°) e Kilian (25°) estão entre os defensores que mais duelos aéreos disputaram por 90 minutos, mesmo com o Köln apresentando a quarta melhor posse de bola média da Bundesliga.
Ataque pelas laterais
Outro tema recorrente na temporada do Köln tem sido sua tendência a atacar pelas laterais do campo, seja a partir de uma roubada de bola no campo adversário ou não. Ao concentrar jogadores pelo centro, o Köln atrai a marcação de seus oponentes, criando espaço para ser explorado por seus laterais, quase sempre próximos a linha lateral.
Ao receber com espaço, os laterais aceleram o jogo e buscam cruzamentos para a área - é a principal maneira com que o Köln ataca também ao recuperar a posse de bola já no campo ofensivo. Ninguém na Bundesliga tentou mais cruzamentos por jogo nessa temporada.
Os gols marcados contra o Bayern, na segunda rodada da Bundesliga, e Borussia Dortmund, na vigésima sétima, são um belo exemplo disso.
Chances criadas pelo Köln (Reprodução: youtube.com/bundesligatv - editado)
Aproveitando a concentração de jogadores pelo centro, o Köln costuma atacar a área com bastante gente, dificultando a marcação e oferecendo mais opções para o cruzamento. Dessa forma, a jogada torna-se menos previsível e fica mais fácil espaçar a linha defensiva horizontalmente.
Um dos grandes beneficiados por essas mudanças foi o atacante Anthony Modeste. O francês voltou a viver grande momento e terminou a temporada com 20 gols marcados na liga nacional, atrás apenas de Lewandowski, Haaland e Schick - ele costuma finalizar quase sempre dentro da área e foi responsável por marcar 38,46% dos gols do Köln. Entre seus 20 gols, 9 surgiram diretamente após um cruzamento lateral.
Vulnerabilidade
Pressionar de maneira tão agressiva e com tantos jogadores tem seu preço: por vezes o Köln se mostrou vulnerável pelas alas, oferecendo espaço aos seus oponentes por ali (consequência também do avanço constante dos laterais). Assim que o adversário retoma a posse de bola e consegue escapar da pressão alta, existe muito espaço para contra-atacar (foram 7 gols sofridos a partir de contra-ataques, o maior número da Bundesliga). Um estilo de pressão tão agressivo também significa que, por vezes, seus defensores podem ser arrastados para fora de sua posição, gerando espaço às suas costas. Por fim, é preciso que seus zagueiros estejam sempre concentrados para evitar que bolas longas encontrem os atacantes em igualdade numérica: acaba sendo inevitável que o time sofra gols dessa maneira.
Chances cedidas pelo Köln (Reprodução: youtube.com/bundesligatv - editado)
No geral, o saldo é positivo: o Köln terminou a Bundesliga com 52 gols marcados e 49 sofridos.
Futuro
Steffen Baumgart certamente fez um dos melhores trabalhos da temporada na Alemanha. Os problemas financeiros do clube continuam e grandes investimentos não devem acontecer ainda (Özcan, um dos titulares, já foi vendido ao Borussia Dortmund, inclusive), mas Baumgart se mostrou capaz de fazer muito com pouco. Após 5 temporadas, o Köln voltará a disputar uma competição europeia e a torcida tem motivos para estar empolgada.
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