Foto: Martin Rose/Getty Images |
Não é surpresa para ninguém que a nova geração de técnicos alemães têm feito sucesso nas últimas temporadas, exemplos não faltam: Thomas Tuchel, Julian Nagelsmann, Hansi Flick entre outros nomes. Mas um está começando a se destacar nesse início de carreira, é Matthias Jaissle, atual técnico do RB Salzburg.
Antes de começarmos a abordar mais a fundo o trabalho dele no clube austríaco, é necessário contar a sua história enquanto jogador. A carreira meteórica de Jaissle começou após uma grave lesão no tendão de Aquiles, em março de 2009, na época ele atuava no Hoffenheim. Ele voltou a pisar nos gramados somente em outubro de 2010.
"Quando o médico me disse que não podia voltar a jogar futebol fiquei ofendido. Foi um choque. Não queria acreditar, mas o fim da minha carreira era inevitável", admitiu Jaissle, que se aposentou em 2014, antes de completar 26 anos.
Após esse revés na carreira, Ralf Rangnick, que foi treinador de Matthias Jaissle no Hoffenheim, o convidou para ser auxiliar técnico no sub-17 do RB Leipzig. Depois desse período nos Touros, ele foi para o futebol dinamarquês para ser auxiliar técnico de Alexander Zorniger no Brondby e permaneceu por lá por duas temporadas.
Em 2019, voltou ao ecossistema da Red Bull. Foi por duas temporadas o treinador da equipe de juniores do Salzburg e assumiu, logo em seguida, o Liefering, da segunda divisão austríaca. Só que não durou muito, já que em abril de 2020 chegou a oportunidade perfeita para Jaissle: ser o treinador principal do RB Salzburg.
"É um treinador que concorda com o estilo de pressão agressiva do nosso clube", afirmou o diretor esportivo da equipe na sua apresentação. A escolha por Matthias se provou acertada, já que a equipe chegou nas oitavas de finais da Champions League desta temporada - pela primeira vez desde a temporada 1990/91, além de ter recordes como vencer 13 dos seus primeiros 17 jogos na Bundesliga Austríaca. Apenas Jesse Marsch (2018 com Salzburg) e Valérien Ismaël (2018 com LASK) conseguiram tantas vitórias em seus primeiros 17 jogos no comando antes.
Como o Salzburg de Matthias Jaissle joga?
Jaissle chegou em Salzburg para ser o sucessor de Jesse Marsch, que até então era o novo técnico do Leipzig. Matthias Jaissle nesse começo de trabalho montou sua equipe em grande parte na formação 4-3-1-2, mas ao longo da temporada 2021/22, ele mostrou ter um vasto repertório nesse aspecto.
Por exemplo, em algumas partidas o técnico variava para à clássica formação 4-4-2, que possuí características similares com a sua formação base 4-3-1-2. Em menor frequência, ele também usou as formações 4-3-3 e 4-2-3-1. Óbvio, sempre com o objetivo de ter mais variações em sua disposição.
Em relação aos onze iniciais, Matthias Jaissle tem o luxo de mudar sua escalação quando achar conveniente, devido à vantagem de qualidade que tem sobre os outros adversários na Bundesliga Austríaca. Philipp Köhn é o goleiro do Salzburg, pois ele tem uma boa junção de habilidade com bola e força atlética, o que permite a ele a "deixar a sua posição" algumas vezes em lances específicos. As duplas de zagueiros titulares com Jérôme Onguene, ao lado de Maximilian Wöber ou Oumar Solet, são compatíveis ao estilo de jogo que Matthias Jaissle quer propôr.
A compreensão tática dos princípios do futebol formada por seu treinador combina bem com os jogadores com habilidades com a bola. Mohamed Camara é um dos pilares do meio-campo, na maioria das vezes têm como seus companheiros Luka Sučić e Nicolas Seiwald. Agora o trio desse Salzburg é formado por Brenden Aaronson como um ‘camisa dez’, com Noah Okafor juntamente com a estrela Karim Adeyemi na frente.
Todos os jogadores que compõem este trio de ataque contêm certas qualidades que fazem a equipe funcionar. No geral, os jogadores à disposição para o plano tático de Matthias Jaissle são todos jogadores com o vigor necessário, além do talento e capacidade de execução.
Construção de jogo
Durante a primeira fase de jogo, o RB Salzburg sob o comando de Jaissle utiliza uma variedade de maneiras diferentes para levar a bola para frente e progredir. Por exemplo, os zagueiros se dividindo. Ao construir, Mohamed Camara se junta ao meio da linha defensiva com os dois zagueiros ao seu lado.
Hoje, boa parte das equipes usa um 4-4-2 quando está sem a bola, e os três zagueiros do Salzburg criam uma situação favorável de 3v2. Quando a defesa estiver postada, o meia-atacante Brenden Aaronson vai cair um pouco mais "fundo" e vai fazer o terceiro meio-campo da equipe. Além disso, os laterais vão são posicionados de uma maneira mais larga e alta para criar amplitude ofensiva e espaçar a marcação adversária e criar espaço para progressão.
Encontrar espaços
A formação 4-3-1-2 cria muitas vantagens para os times que fazem seu uso; o meio-campo com quatro jogadores cria superioridade no terço médio. No entanto, com a sua compacidade no meio-campo pode vir a falta de largura e com isso em mente, todo o conjunto e as táticas corretas devem ser colocados em prática para permitir que a estrutura funcione.
Para que o Salzburg tenha a amplitude necessária para espaçar os zagueiros adversários e criar espaços ofensivos, Matthias Jaissle, como mencionado anteriormente, posiciona seus laterais altos e largos. O 4-3-1-2 de Jaissle pode se assemelhar a uma formação de 4-3-3, com base no espaçamento e posicionamento dos três atacantes do Salzburg. Podemos ver que Noah Okafor está em posse de bola ao lado, com Brenden Aaronson no centro procurando fazer uma corrida atrás. Do outro lado está Karim Adeyemi, atuando na ponta pela direita.
Pressão é a marca registrada das equipes da Red Bull e é algo que sempre esperamos ver, independente se ser Leipzig ou Salzburg. E com Matthias Jaissle não é diferente, ele continuou com essa maneira de jogar e com bons resultados. A sua estrutura de pressionar, fazendo uso de uma formação 4-1-3-2, com os seus meio-campo exteriores a pressionar mais e a jogar praticamente na mesma linha do seu meia-atacante.
Neste exemplo: a pressão do 4-1-3-2 do Salzburgo é contra o 4-2-3-1 do Sevilla com a posse de bola. Os dois atacantes que estão no centro do ataque do Salzburg têm a tarefa de criar pressão contra os dois zagueiros adversários. Os dois meio-campistas, posicionados em ambos os lados do seu camisa dez, são instruídos a pressionar os laterais do Sevilla, se/quando a bola sair ao lado.
Nesse outro exemplo, o Salzburg está postado em um bloco médio. Com os posicionamentos de Aaronson e Nicolás Capaldo, os espaços pelo meio ficam bloqueadas, colocando o adversário para ir para os lados do campo.
Quando a bola eventualmente sai para os lados, o bloqueio defensivo do Salzburg muda na direção do portador da bola, que agora não tem opções de passe ou espaço para avançar a bola para mais à frente.
Conclusão
O RB Salzburg tem um jogo difícil nesta semana pela Champions League, enfrentando o Bayern de Munique. Claro, o Gigante da Baviera é o favorito para esta partida, por conta do seu time e também por sua história na competição.
Apesar disso, será um duelo tático interessante entre Matthias Jaissle e Julian Nagelsmann, por mais que haja uma disparidade entre as equipes.
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