Olhando apenas os resultados e o número de gols marcados, não dá pra notar muita diferença entre o Bayern de Munique desta temporada com o da anterior, que venceu a tríplice coroa. A rotina de vitórias continua, mas Hansi Flick fez ajustes notáveis em uma das características que mais chamaram atenção na sua equipe perante a Europa na "bolha" da Champions League em Lisboa. Em vez de sufocar a saída de bola do adversário, buscando retomar a posse o mais longe possível da própria meta, o atual campeão europeu agora tirou um pouco o pé do acelerador e adota mais cautela.
O histórico 8 a 2 contra o Barcelona foi uma demonstração do altíssimo nível do Bayern na hora de marcar o adversário desde a grande área dele. Várias vezes o time alemão cercava quem tinha a bola e ameaçava Ter Stegen depois de roubar ela lá na frente - algumas vezes transformando a jogada em gol. Segundo o site FBref, naquele dia o time de Hansi Flick pressionou um jogador adversário 60 vezes no terço final do campo. Já nesta edição da Champions League, a maior marca entre os quatro primeiros jogos da fase de grupos foi de 37, alcançada nos dois duelos contra o Salzburg. Diante do Lokomotiv Moscou, o número foi de apenas 17.
A explicação mais óbvia para essa mudança de postura passaria pelo desgaste do elenco em uma temporada sem precedentes, com um calendário absurdamente apertado que vai colocar o Bayern em campo duas vezes na semana em diversas oportunidades. O problema é que pressionar menos lá na frente não significa necessariamente correr menos. O que está acontecendo pelos lados da Allianz Arena é na verdade o contrário. Nas 24 rodadas sob o comando de Hansi Flick na última Bundesliga, o time correu em média 111,5 quilômetros por jogo. Já nas sete primeiras rodadas desta temporada, a média está em 114,7 quilômetros. Uma diferença que não parece suficiente para justificar um cansaço muito maior ou menor.
O início de temporada do Bayern já indicava uma rotação mais baixa na hora de marcar lá na frente, mas ainda havia a expectativa do time pisar no acelerador assim que tivesse um grande desafio pela frente. Só que isso não aconteceu contra aquele que é talvez o maior concorrente na briga pelo título alemão. Visitando o Borussia Dortmund, o time somou 29 pressões em quem tinha a bola no terço final do campo. Para comparação, esse número foi de 63 no Der Klassiker anterior pela Bundesliga, quando a equipe de Hansi Flick correu menos e encaminhou o título da última temporada com a vitória por 1 a 0.
Apesar desse pequeno - mas relevante - desvio no estilo de jogo, outra característica marcante segue firme no time de Hansi Flick: a primeira linha de defesa bem adiantada, com os zagueiros normalmente mais próximos do círculo central do que de Manuel Neuer. O time ainda tenta recuperar a posse lá na frente, mas sem dar tanto combate e sim fechando linhas de passe. O problema é que com menos pressão no adversário que tem a bola, fica mais fácil lançar um atacante em velocidade os ficar cara a cara com o goleiro. Se esse ponto já se mostrava como uma vulnerabilidade do Bayern no fim da última temporada, agora está ainda mais grave.
A consequência disso é ver Neuer trabalhando com uma frequência preocupante. Se há alguns meses ele só aparecia de vez em quando para nos lembrar que está em altíssimo nível, mais recentemente ele é exigido a fazer isso quase todo jogo. Fica ainda a dúvida sobre qual será o Bayern veremos com o passar da temporada, especialmente nos momentos mais decisivos. Vai voltar ao estilo de marcação mais agressiva que levou ao futebol dominante da tríplice coroa, ou vai tentar aperfeiçoar esse novo estilo, que tenta cobrir mais o destino do que a origem do passe? Só Hansi Flick e seus jogadores poderão responder essa pergunta.
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