Jogadora do Bayern de Munique e da Seleção Alemã, Lina Magull foi mais uma atleta a se posicionar sobre a atual situação do futebol feminino na Alemanha. Há poucos meses, Anna Blässe e Almuth Schult, jogadoras do Wolfsburg, e Kim Kulig, ex-jogadora, também tocaram no vespeiro.
Blässe disse, com razão, que a modalidade está estagnada na Alemanha, pontuou que as equipes da Frauen-Bundesliga são, em sua maioria, fracas e fez menção à eliminação da Seleção Alemã nas quartas de final da última Copa do Mundo, que também resultou na não-classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Já Schult cobrou mais atenção da mídia. Enquanto Kulig abordou aspectos que têm que ser trabalhados para o desenvolvimento da modalidade, como o ampliamento da capitalização de jovens talentos, o maior uso da tecnologia, e a presença dos jogos da Seleção e dos campeonatos nacionais nos canais de tv e meios de comunicação.
Quem acompanha o futebol feminino alemão sabe o quão difícil é assistir aos jogos e a cobertura da mídia, como pontuado por Schult, é precária - são poucos os veículos que dão realmente atenção para Frauen-Bundesliga. Coisas básicas, como os "live tickers", são raros de ver.
Ainda sobre os jogos: a excelentíssima Federação Alemã não os passa, como faz a FA (Federação Inglesa) com a WSL (Campeonato Inglês Feminino), e ainda fez o favor de comercializar um pacote com exclusividade para o MagentaSport, da Telekom, que é pago. Além disso, não são transmitidos todos os jogos, apenas um ou dois por rodada, com sorte, três. Jogos gratuitos? Até tem, mas na maioria das vezes é necessário que usemos VPN ou algum outro meio.
A falta de transmissão dos jogos foi um dos pontos abordados por Lina Magull na entrevista à rádio Deutschlandfunk. A meia cobrou que sejam exibidas mais partidas e não só os principais jogos das rodadas. "É preciso dar uma chance ao futebol feminino e mais jogos precisam ser transmitidos", disse ela.
Lina também cobrou uma melhoria no marketing da modalidade e falou sobre o retorno econômico que hoje o futebol feminino propõe. O papel dos clubes é até mais importante do que o da própria Federação neste aspecto (marketing). Hoje, as mídias sociais são a principal forma de se comunicar com o torcedor, simpatizante ou quem quer seja, e consequentemente de promover algo. Apesar disso, não são todas as equipes da Frauen-Bundesliga que possuem perfis oficiais no Twitter ou Instagram - o Bayer Leverkusen, por exemplo, não possui nem em um, nem em outro.
"Sei que a DFB se esforça muito, que o futebol masculino é a prioridade, mas o feminino é, muitas vezes, deixado de lado", disse. "Há muito potencial na Alemanha para fazer algo em termos de marketing. Economicamente, ainda é difícil. Há de se ver se há algum valor econômico agregado para os clubes e patrocinadores. Não estamos em uma boa posição, há de se admitir", concluiu.
A queda da atratividade e competitividade do futebol feminino na Alemanha aliada ao crescimento do Campeonato Inglês impactaram no mercado durante a última janela. Jogadoras como Pernille Harder e Melanie Leupolz, deixaram Wolfsburg e Bayern, respectivamente, para se juntar ao Chelsea, por exemplo.
Harder tinha o desejo de atuar com sua namorada, Magdalena Eriksson, jogadora dos Blues, e este foi o fator preponderante para mudança, mas provavelmente não único, o nível de atração e competitividade da Frauen-Bundesliga comparado ao da WSL certamente influenciaram na decisão de se mudar da Alemanha para Inglaterra.
Sobre comparações do futebol masculino com o feminino e as diferenças qualitativas influenciadas pelas genéticas, Magull foi direta: "Eu também gostaria de correr mais rápido e chutar mais forte."
Lina ainda salientou que as fusões entre clubes femininos independentes e potências (ou não) do masculino são importantes e o melhor caminho para o crescimento da modalidade. Somente para temporada 2020/21, foram três fusões nas duas principais divisões do país - Eintracht Frankfurt com o FFC Frankfurt (até então maior potência historicamente do futebol feminino na Alemanha); Würzburger Kickers com o SC Würzburg e Carl Zeiss Jena com o USV Jena.
SOBRE LINA MAGULL
Lina Magull nasceu em Dortmund em 15 de agosto de 1994. Antes de chegar ao Gigante da Baviera em 2018, atuou por Gütersloh, Wolfsburg e Freiburg. Desde 2015 joga pela Seleção da Alemanha - fez a sua estreia em um jogo de Eliminatórias para Eurocopa de 2017 contra a Rússia. Desde então, foram mais 43 jogos vestido o manto da Mannschaft.
Em 2012, quando ainda atuava pelo Gütersloh, foi premiada com a "Medalha Fritz Walter" de Prata, entregue desde 2005 aos melhores talentos do futebol alemão.
Todos os títulos que conquistou em sua carreira até o momento foram no período em que atuou pelo Wolfsburg. Ao todo, seis: duas Liga dos Campeões, duas Copas da Alemanha e duas Bundesliga's. Com a saída de Leupolz para o Chelsea, assumiu a braçadeira de capitã no Bayern de Munique.
Além de ser jogadora, Lina também completou um estágio de escriturária, trabalhou em uma agência de publicidade, tem diploma de nutricionista e também faz cursos a distância de marketing esportivo e jornalismo esportivo.
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