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A viagem para Belo Horizonte que tentou levar Ronaldo para a Bundesliga


Foto: Claudio Villa / Getty Images

A porta de entrada de Ronaldo na Europa foi o PSV Eindhoven, mas por pouco o destino dele não foi diferente. Autor dos dois gols que tiraram da Alemanha o título da Copa do Mundo em 2002, o brasileiro viu de perto a chance de atuar justamente na terra das suas vítimas de Yokohama. Ainda em 1994, o Stuttgart se encantou pelo talento dele e inclusive deu ao ainda adolescente uma camisa do clube com seu nome nas costas, só que a falta de dinheiro impediu o negócio.


Ralf Rangnick foi treinador e coordenador das categorias de base do Stuttgart até 1994 e uma das suas últimas atribuições no clube foi viajar até Belo Horizonte para observar um jovem brasileiro que estava começando a carreira. "Viajei pra lá, assisti ao clássico entre Cruzeiro e Atlético. Ele marcou dois gols, deu duas assistências. Ainda vi dois treinamentos e no quinto dia me encontrei com Ronaldo no meu quarto de hotel. Ele ainda tinha aparelho nos dentes, ainda era uma criança", relembrou Rangnick durante o programa Sky90 no último mês.


Aqui cabe refrescar um pouco a memória do treinador. Ronaldo teve um jogo marcante contra o Atlético em 1994, mas não exatamente com as estatísticas mencionadas. Pelo Campeonato Mineiro daquele ano, ele atormentou a defesa rival e marcou três gols - um deles em pênalti sofrido por ele próprio. O atacante brasileiro terminou aquele estadual balançando as redes 22 vezes e fechou sua passagem pelo Cruzeiro com incríveis 56 gols marcados em 55 partidas como titular.



De certa forma, dá pra dizer que Ronaldo vestiu a camisa do Stuttgart, mas isso aconteceu apenas no encontro com Rangnick no quarto de hotel em Belo Horizonte. O alemão se esforçou para que essa cena pudesse acontecer mais vezes e dentro de um estádio. Do Brasil, ele ligou para Dieter Hoeness, então dirigente do clube e deu o aviso: "Pegue em algum lugar 6 milhões de dólares e contrate esse jogador".  O problema é que esse valor era muito alto para um adolescente de 17 anos ainda desconhecido na Europa.


O PSV Eindhoven entrou na jogada e assinou com o jovem talento ainda no meio de 1994, pouco depois da Copa do Mundo conquistada pelo Brasil com Ronaldo no elenco. Com essa opção a menos, o Stuttgart foi atrás de outro brasileiro e não se arrependeu de contratar Giovane Élber na mesma janela de transferências. As duas temporadas no VfB foram o ponto de partida para ele se tornar (na época) o maior artilheiro estrangeiro da história da Bundesliga. No entanto, sabendo o que aconteceu nos anos seguintes, o clube alemão ficaria feliz voltando no tempo para tomar outra decisão sobre o garoto observado em Belo Horizonte.


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