Como um time com pouca torcida e vindo de uma cidade pequena conseguiu se tornar um protagonista na Bundesliga? Te explicamos como o Bayer Leverkusen olha para o mercado e aproveita cada centavo investido pela Bayer.
Foto/Reprodução: site do Bayer Leverkusen |
O Bayer Leverkusen já se firmou como um dos grandes clubes alemães da última década. Situado em Leverkusen, cidade de pouco mais de 160 mil habitantes, o time da Renânia do Norte tem o aporte financeiro da gigante farmacêutica Bayer. A equipe da pequena Leverkusen não é dona de uma grande torcida. Uma pesquisa realizada pela Bild em 2017 apontou que o time rubro-negro tem cerca de 0,6% dos torcedores alemães. Com poucos fãs, a equipe governada pela Bayer aposta o seu valioso dinheiro em scouts.
O trabalho de scouts do Bayer Leverkusen é, sem dúvida, um dos melhores da Alemanha. Com um faro apurado, os olheiros rubro-negros são especialistas em encontrar diamantes brutos espalhados pela a Alemanha e pelo exterior. O time da Renânia do Norte investe muito bem em promessas locais, além de olhar com bastante atenção para campeonatos alternativos da Europa e para as competições sul-americanas. Nesse texto irei lhes apresentar os últimos dez mercados do Bayer Leverkusen. Com isso, poderão ver os inúmeros acertos (e alguns erros) da equipe rubro-negra nessa última década e como isso contribuiu para que a equipe da pequena Leverkusen se transformasse em uma força nacional.
Comecemos com a temporada 09/10. O time que iniciou a temporada 2009/2010 já contava com o modelo de contratações que iria marcar essa última década em Leverkusen. A equipe comandada Jupp Heynckes tinha nomes como Rene Adler, Gonzalo Castro e Kampl, revelados pelo Bayer, além de Renato Augusto e Arturo Vidal, contratados diretamente do mercado sul-americano. Além disso, Toni Kroos também fazia parte do elenco rubro-negro, vindo de empréstimo do Bayern de Munique. A única contratação relevante do Bayer, nessa temporada, foi a do futuro capitão Lars Bender, contratado por 2,5 milhões de euros.
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Na temporada seguinte duas contratações relevantes. A primeira delas foi a de Michael Ballack, repatriado após alguns anos defendendo o Chelsea. A segunda foi a do zagueiro croata Domagoj Vida, contratado por 2,4 milhões junto ao NK Osijek. Para a temporada 11/12 os rubro-negros fizeram um dos seus melhores mercados da década. Chegaram nomes como: Bernd Leno (10 milhões de euros), Toprak (3 milhões de euros), Schurrle (8,5 milhões de euros) e Bellarabi (custo zero). Além disso, o time comandado por Robin Dutt ainda revelou Danny da Costa e Christoph Kramer.
Em 2012 o Leverkusen focou em ligas alternativas e trouxe Daniel Carvajal, Real Madrid Castilla, por 5 milhões de euros e Arkadiusz Milik, Górnik Zabrze, por 2,6 milhões de euros. Para a temporada seguinte mais acertos. Foram contratados: Emre Can (5 milhões de euros), Heung-min Son (10 milhões de euros) e Julian Brandt (500 mil euros). Can, Son e Brandt mostram como o Leverkusen estava atento para o mercado alemão. Can estava sem espaço em Munique, Son brilhava no Hamburgo e Brandt era um destaque na equipe sub-19 do Wolfsburg.
Em 2014 o Leverkusen contratou três jogadores com 20 anos ou menos. Foram eles: Çalhanoglu (14,5 milhões de euros), Wendell (6,5 milhões de euros) e Jedvaj (7 milhões de euros). No ano seguinte, mais um jogador do Hamburgo viajou para Leverkusen. Depois de Son e Çalhanoglu, foi a vez de Jonathan Tah (7,5 milhões de euros) ser contratado pelos rubro-negros. Além de Tah, o time da Renânia do Norte ainda trouxe Aranguiz (13 milhões de euros), Mehmedi (8 milhões de euros) e Chicharito (12 milhões de euros). A base do Bayer também não passou em branco na temporada 14/15, revelando o bom lateral Benjamin Henrichs para o time principal.
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Em 2017 o Leverkusen fez três contratações relevantes. Foram elas: Sven Bender (12,5 milhões de euros), Lucas Alario (24 milhões de euros) e Panagiotis Retsos (17,5 milhões de euros). O primeiro é uma boa leitura de mercado do Bayer, enxergando o bom e polivalente Bender encostado no Dortmund. Os outros dois foram apostas, bem caras, em jogadores de mercados alternativos (o argentino e o grego). Para a temporada 18/19 o Leverkusen sofreu uma dura perda no seu elenco. Bernd Leno foi para o Arsenal e deixou o time rubro-negro sem um goleiro titular. A equipe, que havia se acostumado com grandes nomes na sua meta, precisava de um novo porteiro e foi cirúrgico na sua contratação ao escolher o finlandês Lukas Hradecky. Hradecky se juntou ao Bayer a custo zero, vindo do Frankfurt. Junto com o finlandês chegaram Paulinho (18,5 milhões de euros) e Weiser (12 milhões de euros).
Por fim, chegamos a temporada 19/20. E foi em 2019 que o Bayer abriu os cofres e gastou como nunca antes nesses últimos dez anos. O time de Leverkusen contratou seis jogadores e desembolsou cerca de 96 milhões de euros. Os seis contratados foram: Tapsoba (18 milhões de euros), Sinkgraven (5 milhões de euros), Demirbay (32 milhões de euros), Palacios (17 milhões de euros), Amiri (9 milhões de euros) e Diaby (15 milhões de euros). Mais uma vez, podemos enxergar nas contratações a filosofia de contratação do clube. Tapsoba estava no Vitória de Guimarães, Sinkgraven fazia parte do elenco do Ajax que encantou a Europa mas não era titular, Demirbay e Amiri eram peças importantes do Hoffenheim, Palacios era a maior promessa do River Plate vice-campeão da Libertadores e Diaby, sem chances no PSG, vinha de um excelente mundial sub-20.
O investimento em olheiros, na base e no desenvolvimento dos jogadores somados a enorme quantidade de acertos e uma margem de erro mínima fez com que um time com pouca torcida e de uma cidade relativamente pequena potencializasse o valor recebido pela Bayer e se firmasse como um time de elite da Alemanha e uma figurinha carimbada nos gramados europeus.
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