Baixinho, parrudo e goleador. Der Dicker encantou o mundo com seus incontáveis gols entre as décadas de 50 e 60 e início de 70
Uwe Seeler em sua despedida do HSV em 1972 (DPA) |
Uwe Seeler nasceu em Hamburgo em 5 de novembro de 1936. Sua infância, durante a Segunda Guerra Mundial, no distrito de Eppendorf, foi bastante complicada por conta dos conflitos armados. No futebol, encontrou um refúgio. Com seus irmãos, Dieter e Gertrude, brincava (e se escondia) no porão de casa enquanto bombardeios e outras atrocidades aconteciam no lado de fora. O seu pai, Erwin Seeler, que era jogador do HSV, vez ou outra trazia bolas do clube para ele.
Erwin marcou época nos hanseáticos e é tido como um grande símbolo da cidade. Em sua carreira profissional, atuou por Victoria Hamburgo e Hamburgo SV, mas antes de chegar ao Victoria, despontou em um antigo clube de operários da região, o Lorbeer 06.
Uwe começou a dar os primeiros passos nas categorias de base do Hamburgo em 1946, aos 10 anos, e não demorou muito até começar a jogar pela equipe principal. Aos 16 anos, já participava de amistoso contra o extinto Göttingen 05 e aos 17 fazia sua estreia oficial e os dois primeiros gols pelo clube contra o Eintracht Trier pela primeira fase da DFB-Pokal de 1954/55.
Como era menor, não poderia fazer parte do elenco profissional do Hamburgo em jogos da liga nacional, a Oberliga, mas por conta de ser extremamente talentoso e estar próximo de completar 18 anos, a Federação Alemã de Futebol liberou sua participação. Logo de cara, integrava os onze iniciais na primeira partida dos Dinossauros na Oberliga Nord, contra o Oldenburg. Sua equipe venceu a partida por 3 a 0 e um dos gols foi de sua autoria. Em seus primeiros seis jogos foram sete tentos anotados, com direito a dois tripletes. O jovem Seeler encerrou sua primeira temporada como artilheiro da competição, junto a um companheiro de equipe (Günter Schlegel) com 28 tentos marcados.
Uwe foi artilheiro de cinco das seis primeiras temporadas da Oberliga Nord que disputou, tendo somado 178 gols em 158 jogos ao todo — médias de 1,18 tento por jogo e 29 por temporada.
Apesar de serem dominantes no grupo norte da Oberliga, quando os Dinossauros chegavam ao quadrangular-semifinal do campeonato, não avançavam à decisão na maioria das vezes — disputaram apenas 3 finais entre 1954 e 1963 e perderam duas delas, em outras três ocasiões terminaram com a terceira melhor campanha. Um vice-campeonato da Copa da Alemanha também foi alcançado nesse período.
A única edição de Oberliga vencida pelo Hamburgo foi justamente na temporada (1959/60) em que Seeler viveu seu ápice, quando marcou 49 gols em 33 jogos — 13 deles na fase decisiva do campeonato, sendo dois na final contra o Colônia.
As performances renderam à Seeler a terceira colocação na Bola de Ouro da France Football de 1960, atrás apenas de Ferenc Puskás e Luis Suárez, ex-meia-campista espanhol, que ficou com o prêmio. Por outro lado, o tanque hanseático foi eleito Jogador Alemão do Ano, tornando-se o primeiro vencedor da premiação.
As premiações recebidas por Seeler fizeram com que Helenio Herrera, treinador da Internazionale, pedisse ao clube italiano para contratá-lo. A proposta foi muito boa: contrato de três anos com salário de 500 mil marcos (antiga moeda alemã) por ano e luvas de 1 milhão, além de uma moradia em Milão e um automóvel. Naquela época, o futebol na Alemanha não era profissional e os salários eram baixíssimos — cerca de 6 a 7 mil marcos. Seeler procurou Sepp Herberger, treinador do Nationalelf na época, para tomar uma decisão. Sepp, como toda Hamburgo, não queria que o centroavante fosse jogar no exterior e deu um jeito de conseguir um emprego para ele na Adidas — bem remunerado — como embaixador da marca. Uma ida à Itália resultaria em não-convocações para defender a seleção nacional futuramente, visto que apenas atletas que atuavam na Alemanha, naquela época, poderiam fazer parte da Mannschaft — a proibição imposta pela DFB foi suspensa meses depois devido a pressões feitas por Sepp Herberger após saídas de jogadores para outros mercados.
Em entrevista para revista RUND, Seeler confessou ter levado três dias para decidir ficar em Hamburgo e aceitar o emprego como embaixador na Adidas.
Seeler, à RUND: Já me perguntaram muitas vezes por que recusei tanto dinheiro. A resposta é simples: venho de uma família muito simples e o dinheiro nunca me deixou louco.
(Capa do jornal Bild de 28 de abril de 1961) Uwe Seeler: “Eu fico!”
Pouco mais de dois anos após o “fico”, levou o Hamburgo à primeira conquista da Copa da Alemanha. O adversário na final foi o Borussia Dortmund, que meses antes tinha se sagrado campeão do campeonato nacional. Quem foi à Hannover naquele 14 de agosto de 1963 viu um recital de Uwe Seeler, que marcou os três gols da vitória dos Dinossauros por 3 a 0 sobre os aurinegros.
Na temporada inaugural da Bundesliga, o Hamburgo novamente não conseguiu alcançar voos mais altos e terminou na sexta colocação. A temporada, no entanto, foi extremamente positiva para Seeler, que foi artilheiro com 30 gols e ainda deu seis assistências para seus companheiros. Ao final da época, recebeu pela segunda vez o prêmio de futebolista alemão do ano.
Em 1965, sofreu grave lesão no tendão de Aquiles numa partida contra o Eintracht Frankfurt pela Bundesliga, o que levou a anúncios de que sua carreira estava acabada. Felizmente, ficou “apenas” seis meses de fora dos gramados e voltaria a ser eleito Mann des Jahres (Jogador do Ano) pela terceira e última vez em 1970 — segundo maior vencedor do prêmio.
Seleção Alemã Ocidental e fim da carreira
Seeler estreou na Nationalmannschaft em amistoso contra a França em outubro de 1954, após seis partidas na equipe principal do Hamburgo, ainda aos 17 anos. A seleção alemã ocidental saiu derrotada por 3–1 frente a 86 mil pessoas presentes no Niedersachsenstadion, antigo estádio do Hannover 96. Entrou em campo aos 22 minutos no lugar de Bernhard Termath, lesionado, e não marcou gol.
O camisa 9 esteve próximo de ir à Copa do Mundo de 1954, mas acabou não entrando na lista por conta do prazo de inscrição. Desde as divisões de base se mostrava um enorme talento, pelo Nationalelf U-18 marcou 15 gols em 10 jogos, sendo 13 em um torneio antecedente ao Mundial da Suíça.
Aos 21 anos participou de sua primeira Copa do Mundo. Titular absoluto desde o início da competição, formou dupla de ataque com Hemult Rahn, que foi o grande destaque da Mannschaft no Mundial de 58, com 6 gols marcados — vice artilheiro do torneio junto a Pelé. Com um time bem diferente do que venceu a Copa em 1954, a Alemanha Ocidental conseguiu ir à semifinal, mas caiu diante a Suécia. Seeler ficou fora da disputa do terceiro lugar contra a França — que foi vencida pelos franceses por 6 a 2 — por conta de uma lesão sofrida na partida contra os suecos. Uwe marcou dois gols nesta edição.
A partir da Copa de 62, se tornou a principal referência da equipe. Infelizmente, a seleção decepcionou no Chile e acabou sendo eliminada nas quartas de final para Iugoslávia. A campanha na fase de grupos tinha sido muito boa (2 vitórias e 1 empate — 4 gols marcados e 1 sofrido) e esperava-se que o desempenho no mata-mata fosse outro.
Na Copa de 66, veio o principal baque de sua carreira. Tendo em volta uma jovem e talentosa Mannschaft, com peças como Lothar Emmerich e Franz Beckenbauer, foi até a final, mas foi duramente golpeado pela arbitragem, que validou um gol irregular de Geoff Hurst para Inglaterra aos 101 minutos de jogo. Os ingleses voltariam a anotar outro tento ao mais tardar, mas foi o segundo gol de Hurst que abriu caminho para que fossem campeões pela primeira e única vez até hoje.
Reprodução/WELT
Seeler chegou a anunciar aposentadoria da seleção em 1968, mas por apelo do treinador Helmut Schön renunciou o aposento e voltou a defender as cores da Adler na Copa de 70. No México, o Nationalelf voltaria a fracassar nas semifinais, dessa vez contra a Itália, em confronto que ficou conhecido como Jogo do Século, vencido por 4 a 3 pelos italianos. Seeler jogou em função mais recuada nesse Mundial para dar brilho à Gerd Müller que, àquela altura, era a principal referência da equipe junto ao Kaiser. Seeler somou 9 gols nos 4 quatro Mundiais que disputou. Ao lado do Rei e de outro grande atacante do futebol alemão, Miroslav Klose, é um dos jogadores que conseguiram marcar em 4 Copas. Também é um dos capitães honorários da Seleção Alemã, estando num seleto grupo que conta com Fritz Walter, Franz Beckenbauer, Lothar Matthäus, Jürgen Klinsmann e Philipp Lahm.
Vestiu pela última vez a camisa da Alemanha em 9 de setembro de 1970 em amistoso contra a Hungria. Com 43 gols marcados em 72 jogos era, àquela época, o recordista em gols. Atualmente, ocupa a sétima colocação no ranking.
Sua despedida do futebol, em 1972, aconteceu ao melhor estilo Uwe Seeler: marcando (2) gols, em amistoso contra a ‘Seleção dos Sonhos Europeia’ em 1 de maio de 1972, no Volksparkstadion frente a 72 mil pessoas. A partida terminou 7–2 para o XI Europeu, mas o resultado era a coisa que menos importava. Desde que se aposentou, recebe uma série de homenagens da cidade, do clube e de outros meios. Em 2003 foi nomeado Cidadão Honorário de Hamburgo, o prêmio mais importante da cidade — único ex-atleta que o possui. Entre 1995 e 1998 presidiu o HSV. Em 2005, uma escultura do seu pé direito foi colocada em frente uma das entradas do estádio do Hamburgo.
Aos 42 anos, em 1978, foi chamado para disputa de uma partida beneficente na Irlanda pelo Cork Celtic, aceitou. O que ele não sabia era que o jogo tratava-se de uma luta contra um iminente rebaixamento e de beneficente não tinha nada. Seeler marcou dois gols, mas não foi suficiente e o Cork saiu derrotado por 6 a 2 ante o Shamrock Rovers, que se tornaria campeão.
Embora sua carreira tenha ficado marcado pelos constantes fracassos com o Hamburgo e com a seleção, nada apaga sua importância para o futebol do país e, principalmente, para Hamburgo — cidade e clube. Se em estatura não fora tão privilegiado (1.68 m de altura), no futebol revelou sua grandeza. Era um matador em essência, tendo o posicionamento como principal virtude.
Em 659 jogos, marcou 550 gols (507 pelo Hamburgo, sendo 404 pelas ligas nacionais — maior artilheiro da história do campeonato alemão).
Hoje, aos 83 anos, apenas ocupa a posição de espectador e vê seu neto Levin Öztunali, do Mainz 05, sem o mesmo brilho, dar continuidade ao legado da família neste esporte bretão.
Uwe Seeler ao Bild sobre a pausa forçada pelo surto de coronavírus: Sinto muita falta do futebol. Também estou muito preocupado com a continuação da existência dos clubes.
Uwe “Der Dicker” Seeler
Nascimento: 5 de novembro de 1936 (Hamburgo, Alemanha)Falecimento: 21 de julho de 2022
Posição: Atacante
Títulos: Oberliga (1959); DFB-Pokal (1963)
Equipes que jogou: Hamburgo; Cork Celtic
Artilharias: Oberliga Nord (1955, 1956, 1957, 1959, 1960, 1961 e 1962); DFB-Pokal (1955 e 1963); Bundesliga (1964); Recopa Europeia (1968)
Prêmios: Jogador Alemão do Ano (1960, 1964 e 1970)
Uwe Seeler nasceu em Hamburgo em 5 de novembro de 1936. Sua infância, durante a Segunda Guerra Mundial, no distrito de Eppendorf, foi bastante complicada por conta dos conflitos armados. No futebol, encontrou um refúgio. Com seus irmãos, Dieter e Gertrude, brincava (e se escondia) no porão de casa enquanto bombardeios e outras atrocidades aconteciam no lado de fora. O seu pai, Erwin Seeler, que era jogador do HSV, vez ou outra trazia bolas do clube para ele.
Erwin marcou época nos hanseáticos e é tido como um grande símbolo da cidade. Em sua carreira profissional, atuou por Victoria Hamburgo e Hamburgo SV, mas antes de chegar ao Victoria, despontou em um antigo clube de operários da região, o Lorbeer 06.
Uwe começou a dar os primeiros passos nas categorias de base do Hamburgo em 1946, aos 10 anos, e não demorou muito até começar a jogar pela equipe principal. Aos 16 anos, já participava de amistoso contra o extinto Göttingen 05 e aos 17 fazia sua estreia oficial e os dois primeiros gols pelo clube contra o Eintracht Trier pela primeira fase da DFB-Pokal de 1954/55.
Como era menor, não poderia fazer parte do elenco profissional do Hamburgo em jogos da liga nacional, a Oberliga, mas por conta de ser extremamente talentoso e estar próximo de completar 18 anos, a Federação Alemã de Futebol liberou sua participação. Logo de cara, integrava os onze iniciais na primeira partida dos Dinossauros na Oberliga Nord, contra o Oldenburg. Sua equipe venceu a partida por 3 a 0 e um dos gols foi de sua autoria. Em seus primeiros seis jogos foram sete tentos anotados, com direito a dois tripletes. O jovem Seeler encerrou sua primeira temporada como artilheiro da competição, junto a um companheiro de equipe (Günter Schlegel) com 28 tentos marcados.
Uwe foi artilheiro de cinco das seis primeiras temporadas da Oberliga Nord que disputou, tendo somado 178 gols em 158 jogos ao todo — médias de 1,18 tento por jogo e 29 por temporada.
Apesar de serem dominantes no grupo norte da Oberliga, quando os Dinossauros chegavam ao quadrangular-semifinal do campeonato, não avançavam à decisão na maioria das vezes — disputaram apenas 3 finais entre 1954 e 1963 e perderam duas delas, em outras três ocasiões terminaram com a terceira melhor campanha. Um vice-campeonato da Copa da Alemanha também foi alcançado nesse período.
A única edição de Oberliga vencida pelo Hamburgo foi justamente na temporada (1959/60) em que Seeler viveu seu ápice, quando marcou 49 gols em 33 jogos — 13 deles na fase decisiva do campeonato, sendo dois na final contra o Colônia.
As performances renderam à Seeler a terceira colocação na Bola de Ouro da France Football de 1960, atrás apenas de Ferenc Puskás e Luis Suárez, ex-meia-campista espanhol, que ficou com o prêmio. Por outro lado, o tanque hanseático foi eleito Jogador Alemão do Ano, tornando-se o primeiro vencedor da premiação.
As premiações recebidas por Seeler fizeram com que Helenio Herrera, treinador da Internazionale, pedisse ao clube italiano para contratá-lo. A proposta foi muito boa: contrato de três anos com salário de 500 mil marcos (antiga moeda alemã) por ano e luvas de 1 milhão, além de uma moradia em Milão e um automóvel. Naquela época, o futebol na Alemanha não era profissional e os salários eram baixíssimos — cerca de 6 a 7 mil marcos. Seeler procurou Sepp Herberger, treinador do Nationalelf na época, para tomar uma decisão. Sepp, como toda Hamburgo, não queria que o centroavante fosse jogar no exterior e deu um jeito de conseguir um emprego para ele na Adidas — bem remunerado — como embaixador da marca. Uma ida à Itália resultaria em não-convocações para defender a seleção nacional futuramente, visto que apenas atletas que atuavam na Alemanha, naquela época, poderiam fazer parte da Mannschaft — a proibição imposta pela DFB foi suspensa meses depois devido a pressões feitas por Sepp Herberger após saídas de jogadores para outros mercados.
Em entrevista para revista RUND, Seeler confessou ter levado três dias para decidir ficar em Hamburgo e aceitar o emprego como embaixador na Adidas.
Seeler, à RUND: Já me perguntaram muitas vezes por que recusei tanto dinheiro. A resposta é simples: venho de uma família muito simples e o dinheiro nunca me deixou louco.
(Capa do jornal Bild de 28 de abril de 1961) Uwe Seeler: “Eu fico!”
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Pouco mais de dois anos após o “fico”, levou o Hamburgo à primeira conquista da Copa da Alemanha. O adversário na final foi o Borussia Dortmund, que meses antes tinha se sagrado campeão do campeonato nacional. Quem foi à Hannover naquele 14 de agosto de 1963 viu um recital de Uwe Seeler, que marcou os três gols da vitória dos Dinossauros por 3 a 0 sobre os aurinegros.
Na temporada inaugural da Bundesliga, o Hamburgo novamente não conseguiu alcançar voos mais altos e terminou na sexta colocação. A temporada, no entanto, foi extremamente positiva para Seeler, que foi artilheiro com 30 gols e ainda deu seis assistências para seus companheiros. Ao final da época, recebeu pela segunda vez o prêmio de futebolista alemão do ano.
Em 1965, sofreu grave lesão no tendão de Aquiles numa partida contra o Eintracht Frankfurt pela Bundesliga, o que levou a anúncios de que sua carreira estava acabada. Felizmente, ficou “apenas” seis meses de fora dos gramados e voltaria a ser eleito Mann des Jahres (Jogador do Ano) pela terceira e última vez em 1970 — segundo maior vencedor do prêmio.
Seleção Alemã Ocidental e fim da carreira
Seeler estreou na Nationalmannschaft em amistoso contra a França em outubro de 1954, após seis partidas na equipe principal do Hamburgo, ainda aos 17 anos. A seleção alemã ocidental saiu derrotada por 3–1 frente a 86 mil pessoas presentes no Niedersachsenstadion, antigo estádio do Hannover 96. Entrou em campo aos 22 minutos no lugar de Bernhard Termath, lesionado, e não marcou gol.
O camisa 9 esteve próximo de ir à Copa do Mundo de 1954, mas acabou não entrando na lista por conta do prazo de inscrição. Desde as divisões de base se mostrava um enorme talento, pelo Nationalelf U-18 marcou 15 gols em 10 jogos, sendo 13 em um torneio antecedente ao Mundial da Suíça.
Aos 21 anos participou de sua primeira Copa do Mundo. Titular absoluto desde o início da competição, formou dupla de ataque com Hemult Rahn, que foi o grande destaque da Mannschaft no Mundial de 58, com 6 gols marcados — vice artilheiro do torneio junto a Pelé. Com um time bem diferente do que venceu a Copa em 1954, a Alemanha Ocidental conseguiu ir à semifinal, mas caiu diante a Suécia. Seeler ficou fora da disputa do terceiro lugar contra a França — que foi vencida pelos franceses por 6 a 2 — por conta de uma lesão sofrida na partida contra os suecos. Uwe marcou dois gols nesta edição.
A partir da Copa de 62, se tornou a principal referência da equipe. Infelizmente, a seleção decepcionou no Chile e acabou sendo eliminada nas quartas de final para Iugoslávia. A campanha na fase de grupos tinha sido muito boa (2 vitórias e 1 empate — 4 gols marcados e 1 sofrido) e esperava-se que o desempenho no mata-mata fosse outro.
Na Copa de 66, veio o principal baque de sua carreira. Tendo em volta uma jovem e talentosa Mannschaft, com peças como Lothar Emmerich e Franz Beckenbauer, foi até a final, mas foi duramente golpeado pela arbitragem, que validou um gol irregular de Geoff Hurst para Inglaterra aos 101 minutos de jogo. Os ingleses voltariam a anotar outro tento ao mais tardar, mas foi o segundo gol de Hurst que abriu caminho para que fossem campeões pela primeira e única vez até hoje.
Reprodução/WELT
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Seeler chegou a anunciar aposentadoria da seleção em 1968, mas por apelo do treinador Helmut Schön renunciou o aposento e voltou a defender as cores da Adler na Copa de 70. No México, o Nationalelf voltaria a fracassar nas semifinais, dessa vez contra a Itália, em confronto que ficou conhecido como Jogo do Século, vencido por 4 a 3 pelos italianos. Seeler jogou em função mais recuada nesse Mundial para dar brilho à Gerd Müller que, àquela altura, era a principal referência da equipe junto ao Kaiser. Seeler somou 9 gols nos 4 quatro Mundiais que disputou. Ao lado do Rei e de outro grande atacante do futebol alemão, Miroslav Klose, é um dos jogadores que conseguiram marcar em 4 Copas. Também é um dos capitães honorários da Seleção Alemã, estando num seleto grupo que conta com Fritz Walter, Franz Beckenbauer, Lothar Matthäus, Jürgen Klinsmann e Philipp Lahm.
Vestiu pela última vez a camisa da Alemanha em 9 de setembro de 1970 em amistoso contra a Hungria. Com 43 gols marcados em 72 jogos era, àquela época, o recordista em gols. Atualmente, ocupa a sétima colocação no ranking.
Sua despedida do futebol, em 1972, aconteceu ao melhor estilo Uwe Seeler: marcando (2) gols, em amistoso contra a ‘Seleção dos Sonhos Europeia’ em 1 de maio de 1972, no Volksparkstadion frente a 72 mil pessoas. A partida terminou 7–2 para o XI Europeu, mas o resultado era a coisa que menos importava. Desde que se aposentou, recebe uma série de homenagens da cidade, do clube e de outros meios. Em 2003 foi nomeado Cidadão Honorário de Hamburgo, o prêmio mais importante da cidade — único ex-atleta que o possui. Entre 1995 e 1998 presidiu o HSV. Em 2005, uma escultura do seu pé direito foi colocada em frente uma das entradas do estádio do Hamburgo.
Aos 42 anos, em 1978, foi chamado para disputa de uma partida beneficente na Irlanda pelo Cork Celtic, aceitou. O que ele não sabia era que o jogo tratava-se de uma luta contra um iminente rebaixamento e de beneficente não tinha nada. Seeler marcou dois gols, mas não foi suficiente e o Cork saiu derrotado por 6 a 2 ante o Shamrock Rovers, que se tornaria campeão.
Embora sua carreira tenha ficado marcado pelos constantes fracassos com o Hamburgo e com a seleção, nada apaga sua importância para o futebol do país e, principalmente, para Hamburgo — cidade e clube. Se em estatura não fora tão privilegiado (1.68 m de altura), no futebol revelou sua grandeza. Era um matador em essência, tendo o posicionamento como principal virtude.
Em 659 jogos, marcou 550 gols (507 pelo Hamburgo, sendo 404 pelas ligas nacionais — maior artilheiro da história do campeonato alemão).
Hoje, aos 83 anos, apenas ocupa a posição de espectador e vê seu neto Levin Öztunali, do Mainz 05, sem o mesmo brilho, dar continuidade ao legado da família neste esporte bretão.
Uwe Seeler ao Bild sobre a pausa forçada pelo surto de coronavírus: Sinto muita falta do futebol. Também estou muito preocupado com a continuação da existência dos clubes.
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