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Com poucos passes e Haller como peça central, Frankfurt se mantém em alta

Haller é a engrenagem principal do ataque do Frankfurt | Foto: Reprodução / Bundesliga.com

A saída de Niko Kovac parecia que ia custar muito caro para o Eintracht Frankfurt no início da temporada. A goleada sofrida contra o Bayern de Munique na Supercopa da Alemanha somada à eliminação na primeira fase da Copa da Alemanha - sendo o atual campeão do torneio - indicavam que a equipe hoje dirigida por Adi Hütter não chegaria nem perto do sucesso recente. Chegamos ao fim do primeiro turno da Bundesliga e a impressão sobre o time é totalmente diferente. Com um ataque poderoso que tem Sébastien Haller como peça central e que não precisa de muitos toques na bola para ser letal, o clube voltou a empolgar seus torcedores com boas atuações a nível nacional e também internacional.

Ser colocado numa lista perto de Lionel Messi é um feito digno de honra para qualquer jogador, e, ao menos até o Natal, apenas ele tinha uma soma de gols e assistências maior que Haller nas cinco principais ligas nacionais da Europa. O francês conta com nove gols e oito assistências até o momento na Bundesliga, somando 17 participações diretas em gols da sua equipe no campeonato nacional, contra 25 do argentino. A atuação decisiva dele em Frankfurt é consequência direta do estilo de jogo colocado em prática por Hütter, que usa bem a estatura e a força física do atacante para tornar a equipe uma das principais potências ofensivas da Alemanha



O início das jogadas do Frankfurt não costuma fugir de uma fórmula simples: quando a bola está com o goleiro ou com os zagueiros, a opção prioritária é dar um passe longo buscando Haller no ataque. Quando o adversário avança sua marcação e tenta pressionar a saída de jogo do Eintracht, os defensores nem pensam duas vezes antes de dar um chutão para achar o atacante francês. Não por acaso os atuais campeões da Copa da Alemanha têm média de 69 passes longos por jogo nesta Bundesliga, a 5ª maior marca na competição. Os toques para companheiros próximos não são ignorados pela equipe na construção de jogadas de ataque - às vezes inclusive dão bons resultados -, mas eles estão longe de ser prioridade. O Frankfurt tem média de 322 passes curtos por jogo, apenas a 16ª maior marca do campeonato alemão. O Bayern de Munique, líder nessa estatística, registra quase o dobro (612).

Equipes que também adotam esse estilo de jogo se tornam inofensivas quando os lançamentos são mal feitos ou o ataque não consegue segurar a bola lá na frente. Esse não deixa de ser o caso em Frankfurt, mas lá o aproveitamento das ligações diretas costuma ser acima da média, muito por conta da qualidade de Haller. Ele já mostrou que é muito útil brigando pelas bolas altas que vêm na sua direção e mantendo a posse com o seu time. O francês não só consegue se impor fisicamente para ganhar as batalhas que acontecem na região da intermediária, como também tem a capacidade de acionar um companheiro próximo que dá continuidade ao lance. Ele é, com folga, o líder da Bundesliga em disputas aéreas vencidas, com média de 6,5 por jogo. Hütter, é claro, também tem um papel fundamental para essa estratégia dar certo. O Eintracht normalmente entra em campo com três atacantes e a dupla que faz parceria com Haller o acompanha na disputa pelo alto para pegar a sobra quando o atacante não fica logo com a bola. Não é difícil encontrar gols e chances de perigo criadas pela equipe a partir desses movimentos.



Três exemplos de como o Frankfurt gosta de ver a bola sair do goleiro até o ataque pelo alto em busca de Haller, sempre com dois companheiros de ataque por perto e centralizados esperando a sequência da jogada. Nesta última, contra o Leverkusen, ele recebe com liberdade e poucos segundos depois deu uma assistência pro gol de Kostic | Fotos: Reprodução

O treinador do Eintracht aposta em lançar a bola da defesa para o ataque com pouca - ou quase nenhuma - participação do meio-campo, pois tenta explorar ao máximo a qualidade do seu trio mais ofensivo. Quando a bola fica com Haller, Ante Rebic ou Luka Jovic perto da grande área adversária após uma disputa aérea, o time tem boas chances levar perigo a partir de uma combinação entre eles ou de uma jogada individual. O atacante francês não se restringe a ganhar a bola no alto e também ajuda a dar continuidade aos lances. Por isso ele participa diretamente de tantos gols da equipe, seja com um passe decisivo ou empurrando a bola para a rede.

Com três jogadores ocupando a faixa central do campo na maior parte do tempo, Hütter confia em seus alas para ocupar o espaço perto da lateral do campo e chegar em velocidade até a linha de fundo. E não dá pra dizer que a confiança não tem sido recompensada. Danny da Costa e Filip Kostic estão fazendo boa temporada, com muito gás para apoiar o ataque e também recuar até defesa, onde formam uma barreira com cinco defensores quando o adversário está com a bola e eles precisam se alinhar com o trio de zagueiros. O caso de Kostic chama atenção especial, já que ele sempre foi um atacante de lado do campo e agora precisa também se desdobrar atrás.

Os dois alas do Frankfurt têm liberdade para avançar e contra o Leverkusen participaram diretamente do primeiro gol da equipe. Tanto Kostic quanto Da Costa apareceram dentro da área ao mesmo tempo. O primeiro deu a assistência e o segundo empurrou pro gol

Os problemas para o Eintracht aparecem quando as ligações diretas não dão certo, Haller não consegue segurar a bola lá na frente e a bola simplesmente bate e volta no ataque. De qualquer forma, a ênfase em um estilo de atacar que se sustenta nos passes longos e preza pouco pelos passes curtos ainda não impediu o time de alcançar resultados satisfatórios. Os 100% de aproveitamento na Liga Europa e a boa campanha no primeiro turno da Bundesliga são ótimas credenciais para o início do trabalho de Hütter como treinador em sua nova casa. O segundo título seguido da Copa da Alemanha não vai vir, mas o torcedor pode ter bons motivos para comemorar em Frankfurt.

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