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Domínio na posse de bola, dificuldades para criar chances de gol e falta de pontaria para finalizar quando elas aparecem. Essa foi a receita para a eliminação da Alemanha na primeira fase da Copa do Mundo deste ano. Em três jogos disputados na Liga das Nações, o cenário volta a se repetir e deixa a equipe à beira de um inacreditável rebaixamento. O único suspiro de esperança surgiu no Stade de France, quando, apesar da derrota, a seleção alemã deixou o campo com a sensação de que o desempenho ofensivo foi bom e deveria ser suficiente para render um resultado melhor.
O aspecto mais preocupante da Alemanha nos jogos oficiais disputados este ano é o ataque. Considerando Copa do Mundo e Liga das Nações, apenas três gols foram marcados em seis jogos. Nos duelos recentes contra França e Holanda, a rede adversária só balançou no pênalti cobrado por Toni Kroos contra Hugo Lloris. A dificuldade para transformar a posse em pressão fica evidente quando o oponente coloca todos os seus jogadores atrás da linha da bola e protege a própria grande área. Ao se deparar com esse obstáculo, a equipe dirigida por Joachim Löw vive momentos de drama para encontrar uma brecha na defesa e criar chances de gol.
A atual Alemanha tem como marca registrada a paciência para trocar passes curtos e conseguiu colocar esse estilo em prática durante os seis jogos oficiais de 2018. Em todos, foi ela quem teve mais posse, sempre com mais de 570 passes. Mas o que vem acontecendo é que a bola fica na região do meio-campo nos pés de Kroos ou Joshua Kimmich e chega pouco na grande área adversária. Em Amsterdam, por exemplo, Jasper Cillessen quase não trabalhou. Quando Leroy Sané ficou frente a frente com ele e teve uma chance clara para fazer 1 a 1, chutou pra fora. Na Rússia, apesar da falta de criação, oportunidades de ouro para reverter os resultados negativos também foram desperdiçadas.
O jogo contra a França na terça-feira foi o que a Alemanha menos finalizou neste ano (11 vezes), considerado partidas oficiais. Por outro lado, em nenhum outro jogo da Liga das Nações a equipe ficou tantas vezes perto da meta. No Stade de France, os jogadores alemães somados tocaram na bola 36 vezes dentro da grande área adversária (foram 30 no duelo contra a França na Allianz Arena e 17 contra a Holanda). Por isso, a impressão final da data Fifa foi muito mais agradável que a a inicial.
A boa resposta após a péssima atuação em Amsterdam se deve às mudanças promovidas por Joachim Löw. Além de colocar em campo uma equipe com três zagueiros, o treinador apostou em um trio de ataque jovem e confiou que a velocidade deles poderia incomodar a França. De fato, a Alemanha teve uma atuação mais convincente porque usou bem as características de Sané, Serge Gnabry e Timo Werner. A cada bola recuperada na defesa ou erro cometido pelo adversário na região do meio-campo, a seleção alemã estava pronta para sair da defesa rapidamente e acionar seus jogadores ofensivos com espaço para correr.
O pênalti que resultou no gol de Kroos surgiu de uma bola recuperada por Kimmich no campo de ataque. Naquele momento, não havia um batalhão de adversários entre o jogador alemão e Lloris. Em questão de instantes, Sané correu livre pra dentro da grande área, recebeu o passe e provocou a penalidade máxima. Em outros lances, o trio de ataque encontrou liberdade semelhante e só não ampliou a vantagem por falhas bobas. Mas o espaço para atacar estava lá e por isso foi mais fácil tocar na bola dentro da grande área francesa.
Com o passar do jogo, os campeões mundiais deste ano deixaram de cometer erros tolos como o do primeiro gol. Aliado a isso, a virada no placar permitiu à França recuar e apostar no contra-ataque. E então o cenário se tornou novamente desfavorável para a Alemanha. Com a defesa adversária recuada, a equipe voltou a passar longos períodos com a bola no pé, mas sem chegar perto do segundo gol. O rebaixamento já está batendo na porta e, além de torcer muito pela França contra a Holanda, Joachim Löw precisa ampliar o arsenal de ataque sua equipe. A velocidade de Gnabry, Sané e Werner mostrou ser uma boa arma, mas nem sempre ela será uma opção viável.
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