A Alemanha somou 35 cruzamentos durante a partida, número ainda maior que os 26 alcançados no jogo contra o México. Contudo, o uso desse recurso durante o jogo variou, provocando uma grande diferença na forma como o time alemão atacou. Enquanto os comandados de Joachim Löw levantaram a bola na grande área, a alta defesa sueca foi soberana e afastou quase tudo que sobrevoou a região perto da meta de Olsen. Das 18 finalizações da Alemanha, apenas 2 foram de cabeça. Tudo bem que o goleiro sueco precisou fazer uma defesaça aos 42 do segundo tempo para evitar o gol de Mario Gomez, mas a ameaça esteve mais iminente enquanto a bola ficou no chão.
O início do jogo foi promissor para os atuais campeões mundiais. As jogadas pelas laterais e a constante movimentação do quarteto ofensivo formado por Müller, Werner, Draxler e Reus fizeram a bola chegar - pelo chão - perto da meta diversas vezes. Mas com o passar do tempo o ritmo diminuiu, as trocas de passes se restringiram à região da intermediária de ataque e a Suécia se viu confortável na sua dedicada e organizada retranca. Nos primeiros 15 minutos de jogo, jogadores alemães tocaram a bola dentro da grande área adversária 13 vezes. No restante da etapa inicial, isso só aconteceu outras 6 vezes. Com a proximidade do intervalo, as bolas levantadas na área apareceram em excesso, e a entrada de Mario Gomez no início do segundo tempo era um sinal que o chuveirinho só aumentaria.
Lustig e principalmente Granqvist foram gigantes durante toda a partida na defesa da Suécia, afastando qualquer tentativa de jogo aéreo adversário. Não fosse o milagre de Kroos no fim, eles e Toivonen, autor do gol, sairiam de campo como heróis. Então por qual motivo a Alemanha deveria insistir pelo alto contra defensores de boa estatura? Provavelmente Joachim Löw e seus atletas pensaram nisso no intervalo. Resultado: com menos de três minutos do segundo tempo, Werner fez jogada na ponta esquerda e cruzou rasteiro para o empate de Reus. No restante do jogo, novas jogadas pelas pontas e cruzamentos rasteiros para o meio da grande área resultaram em chances preciosas. Faltou apenas acertar a finalização. No lance decisivo do duelo, evitar a bola aérea também foi fundamental. "Durante o jogo, os suecos afastavam facilmente de cabeça os cruzamentos altos", disse Kroos ao explicar sua decisão de cobrar a falta direto pro gol no minuto final da partida. A essa altura, é impossível contestar a escolha dele.
Bombardeio no segundo tempo: após o intervalo, Alemanha somou 11 finalizações contra 3 da Suécia |
A cobrança de falta de Kroos aos 49 do segundo tempo foi a pitada de magia para a virada alemã. Mas a equipe de Joachim Löw já criava o suficiente para vencer o jogo ao evitar que a altura dos oponentes pudesse fazer a diferença. Do outro lado do campo, o jogo aéreo também representava a maior arma da Suécia. A principal forma do time dirigido por Janne Andersson chegar ao ataque era com chutões buscando Toivonen e Berg para a dupla usar sua força física e segurar a bola. O gol do 1 a 0 teve um pouco dessas características e Neuer precisou fazer uma grande defesa para evitar que uma cabeçada se transformasse no 2 a 0 ao fim da primeira etapa.
Aos poucos, no entanto, os chutões para o ataque da Suécia passaram a encontrar apenas jogadores da Alemanha e a equipe mostrou poucas alternativa para ser incisivo. Com raras sequências de passes produtivos durante o segundo tempo, o time amarelo se viu de costas para a parede. Dos 11 toques na bola da Suécia que aconteceram dentro da área defendida por Neuer, 8 foram registrados antes do intervalo. Números de um sistema ofensivo apático. Apesar do cartão vermelho, Boateng teve uma boa parcela da "culpa" nisso e é um dos destaques da seleção nesta Copa do Mundo. O zagueiro do Bayern de Munique fez boas coberturas para impedir que lançamentos chegassem a Toivonen e Berg. Ele passou a maior parte do jogo na intermediária de ataque tentando articular lances de perigo, mas sua maior contribuição foi mesmo defensiva.
Mapa de calor da Suécia (à direita) mostra como a equipe de amarelo quase não chegou na área de Neuer |
Considerando toda a partida, o time alemão acumulou mais que o triplo de passes em relação ao adversário (677 a 221). Esse domínio no meio-campo teve grande participação de Toni Kroos. Ele tocou na bola 144 vezes na tarde deste sábado em Sochi, maior marca de um jogador do seu país na Copa do Mundo desde 1966. Seria cruel demais a seleção alemã ficar à beira da eliminação por conta do erro de passe dele que originou o gol de Toivonen. Justamente do cara conhecido pelas altas porcentagens de acerto nesse quesito. Mas depois da cobrança de falta nos acréscimos do segundo tempo, o lugar de Kroos na história desse jogo certamente não será o do vilão.
Estatísticas do WhoScored
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144 - ⚡️ Toni Kroos made 144 touches against Sweden tonight, a record for a German 🇩🇪 player in a World Cup 🏆 game since 1966. Wizard. #GERSWE #WorldCup pic.twitter.com/k9OZLJod8T— OptaJean (@OptaJean) 23 de junho de 2018
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