O final eletrizante da Copa da Alemanha deu um gosto ainda mais especial ao título do Eintracht Frankfurt, coroando uma passagem vitoriosa de Niko Kovac como treinador da equipe. A defesaça de Hradecky na finalização de Sandro Wagner, o - suposto - pênalti não dado ao Bayern mesmo após consulta ao árbitro de vídeo e o gol de Gacinovic que levou à euforia os torcedores do Frankfurt. Todos esses eventos já nos acréscimos do segundo tempo deram toques dramáticos ao 3 a 1 em Berlim, mas poucos fatores foram tão decisivos para o placar quanto a atitude do Eintracht na marcação.
As evidências mais fortes para esse argumento estão nos dois primeiros gols do Eintracht. Aos 10 minutos, Ante Rebic aproveitou cochilo de James Rodríguez, roubou a bola do colombiano perto do meio-campo e instantes depois abriu o placar. Aos 37 do segundo tempo, na mesma região do campo, Kevin-Prince Boateng brigou pelo desarme e Danny da Costa lançou Rebic cara a cara com Ulreich. A fórmula que levou ao 1 a 0, de marcação forte perto do círculo central e contra-ataques rápidos, foi também a responsável pelo 2 a 1.
Contudo, muita coisa mudou entre um gol e outro. Durante a maior parte do jogo, a marcação do time comandado por Niko Kovac foi firme e já na altura da linha que divide o gramado. Nem sempre a estratégia resultou em contra-ataques fulminantes, mas, especialmente no primeiro tempo, ela contribuiu demais para manter o Bayern longe da grande área defendida por Hradecky. Hasebe e Mascarell foram leões em campo, quase sempre pressionando o adversário com a bola. Ao lado de Rebic, artilheiro da noite, a dupla está entre os destaques individuais da final.
No ataque do Bayern, não houve grandes destaques individuais na partida. James Rodríguez participava muito do jogo, mas esbarrava nas mesmas dificuldades de criação dos demais. Como o Eintracht não se afundava dentro da própria grande área e marcava com intensidade, sobravam poucas alternativas à equipe de Jupp Heynckes além de eventuais lances pelos lados do campo e bolas aéreas. O Bayern somou um alto número de finalizações na final (22), mas metade deles teve origem em jogadas de bola parada.
Mapa de calor do Bayern (à esquerda) mostra que o time dominou a posse de bola, mas relativamente longe do gol. Enquanto isso, Eintracht (à direita) quase não pisou na grande área de Ulreich |
O início do segundo tempo deu indícios que a maré poderia virar. Entre as 11 finalizações do Bayern com a bola rolando, cinco aconteceram nos primeiros 17 minutos após o intervalo, incluindo a que resultou no 1 a 1. Nesse momento do duelo, o Eintracht já não conseguia mais impor a mesma aplicação na defesa e passou a ser empurrado para a própria grande área pelo adversário com mais facilidade. Ainda assim, foi necessária uma arrancada do zagueiro Süle para iniciar a jogada do empate.
Niko Kovac então colocou Marco Russ no jogo, reposicionou seu time em um esquema tático com três zagueiros e deu a impressão que o Frankfurt ia apenas tentar segurar o empate, já que o ataque era praticamente nulo. O Eintracht dificilmente ia marcar um gol em lançamentos aleatórios de Hradecky para Boateng. Ainda assim, esse recurso foi o mais usado pelo time durante a final em Berlim. O jogador de Gana não tem condições de brigar com os zagueiros do Bayern em disputas pelo alto e a bola quase sempre voltava rapidamente aos pés do adversário. Não à toa a equipe de Munique teve impressionantes 77,1% de posse de bola.
E então chegou o momento em que o contra-ataque finalmente voltou a ser uma alternativa para o Eintracht. E de novo graças à marcação no meio-campo. James Rodríguez novamente foi pressionado, perdeu a bola e viu Rebic ser lançado para fazer 2 a 1. O Bayern teve um volume muito maior de finalizações ao longo dos 90 minutos, em especial por conta das bolas paradas. Mas o Frankfurt acabou somando o mesmo número de chutes no alvo (5 para cada lado) e venceu o jogo na sua eficiência e na sua aplicação defensiva, dando a Niko Kovac um merecido título em sua despedida.
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